quarta-feira, 17 de março de 2010

OS HOLANDESES NO BRASIL

O Brasil estava passando por mudanças. A cana-se-açúcar, principal fonte de riqueza colonial, trouxe desenvolvimento para muitos povoados, que cresciam a olhos vistos. Quando o trono português ficou sob domínio espanhol, a comercialização do açúcar brasileiro pela Holanda foi suspensa. Em decorrência, os holandeses invadiram o Brasil: em 1624, na Bahia, e em 1630, em Pernambuco, onde permaneceram 24 anos.


Nesse período, a sede do governo holandês foi deslocada de Olinda para o Recife, onde Maurício de Nassau mandou construir a cidade Maurícia.

Cidade Maurícia - hoje Recife


Foi sob orientação de Nassau que o arquiteto Pieter Post projetou a construção da cidade Maurícia e também os palácios e prédios administrativos.

Palácio de Friburgo (Recife)
No final do século XVIII, o Palácio de Friburgo é destruído e, a partir daí, o nome do logradouro muda diversas vezes.



Reconstituição do Palácio de Friburgo (Recife)

Vieram para cá alguns pintores com a importante tarefa de retratar a paisagem e o povo brasileiro. Eles foram verdadeiros repórteres do século XVII. Pintavam tudo o que viam: pessoas, paisagens, frutas, animais e moradias. Entre esses artistas destacaram-se Frans Post e Albert Eckbout.


FRANS POST (1612-1680): Irmão do arquiteto Pieter Post, deixou 150 pinturas retratando a mata, a cidade e os engenhos, tudo com muito detalhe e sempre visto de longe. Permaneceu no Brasil de 1637 a 1644 e vários museus do mundo mantêm em seus acervos obras de sua autoria, entre eles o Museu do Louvre (Paris), que possui sete de seus quadros.


Rio de Janeiro
- Frans Post







Engenho da Capela - Frans Post


Entre as características da produção do Frans Post está a teatralidade dos gestos em cada ato reproduzido, sempre com ampla valorização da vegetação - muito provavelmente em atendimento ao gosto do público para quem pintava. A tela tem grande acuidade técnica com valorização do equilíbrio entre os corpos, a natureza e a fortaleza ao fundo.



Observe que há muita luminosidade produzida pela abundância de sol, coisa rara nos países baixos e abundantes em solos nordestinos. Os modelos - representantes dos diferentes povos presentes no Brasil Holandês - estão em movimento, encontraram-se na passagem de um pequeno igarapé, que não demonstra ter um caminho de Alpondra, razão provável pelo qual todos estão sem seus calçados. Há uma rica valorização das abundantes águas e sol, tantas vezes declamada em versos e prosas, graças ao recurso do espelho que projeta os corpos.



ALBERT ECKHOUT (1610-1665): Pintava frutas, verduras, objetos (naturezas-mortas), índios, caboclos, negros, mamelucos. Ao contrário de Post, Eckout procurava pintar as figuras vistas de perto. Permaneceu no Brasil no mesmo período que Post.


Mameluca (1641) - Albert Eckhout





Índia Tupi - Albert Eckhout


Mulher Africana - Albert Eckhout



Homem Mameluco (mestiço) - Albert Eckhout





Dança Tapuia - Albert Eckhout



Frutas - Albert Eclhout


Composição com Cabaças, Frutas e Cactos - Albert Eckhout

Um comentário:

  1. Adorei a aula! Até porque, moro na Holanda e é sempre bom estar bem informada. Por falar em Holanda, adoro Van Gogh...mas meu favorito é mesmo o mestre Vermeer.

    Você dá aulas de arte em escolas?

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